quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Amor sem medida

Muitas vezes fico me perguntando quais seriam as razões para Jesus sempre vir ao nosso encontro. Quando leio a história do endemoninhado gadareno, essa questão fica ainda mais latente.

Voltando alguns instantes nesse texto bíblico, podemos perceber que Cristo estava andando “de cidade em cidade, e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus” (Lc 8:1). Mas em um dado momento, ele simplesmente pára, diante de toda aquela multidão que o seguia, entra no barco, e chama os seus discípulos dizendo: “Passemos para o outro lado do mar” (Lc 8:22).

O Mestre e seus discípulos iniciaram a travessia do mar da Galiléia. Ele estava cansado e se recolheu para dormir um pouco. Mas, aconteceu que naquela viagem houve uma grande tempestade que levou os discípulos a acordarem a Jesus aterrorizados, pois temiam que o barco naufragasse. Depois de repreender o mar e os ventos, Jesus pergunta aos seus discípulos: “Ainda não tendes fé?” (Mc 4:40).

Mas não parece ser esse milagre o mais importante dessa história. Lá, do outro lado, Jesus tinha um encontro com alguém. Ninguém importante, amável, nem querido pelo povo. Era “um homem com espírito imundo que tinha a sua morada nos sepulcros, e nem ainda com cadeias o podia alguém prender; porque, tendo sido muitas vezes preso... as cadeias foram por ele feitas em pedaços... E andava sempre, de dia e de noite, clamando pelos montes, e pelos sepulcros, e ferindo-se com pedras” (Mc 5:3-5). Alguém desprezado, medonho, um pobre homem oprimido pelo inimigo, e de quem todos queriam distância; um marginalizado. Foi exatamente por esse homem que Jesus Cristo atravessou o mar e enfrentou a tempestade.
Aquela visita do Senhor mudou o curso da vida daquele homem, que logo em seguida foi visto aos seus pés “assentado, vestido e em perfeito juízo”(Mc. 5:15).

Na eternidade o seu encontro já estava marcado não só com aquele homem, como também com o cego Bartimeu, e tantos outros, leprosos, coxos, e doentes da alma, como nós.
Logo depois, Jesus se retirou daquela cidade a pedido do povo, e novamente atravessou o mar. Mas é incrível imaginar que ele fez tudo isso por causa de um só homem.

Entretanto, para que tudo isso acontecesse, muito antes de entrar no barco e ir para a outra margem, ele deixou a sua glória. O Filho de Deus, o Rei dos Reis, se humilhou, se fez servo, atravessou o mar de toda a eternidade, suportou o ultraje e a cruz para vir em nosso resgate. Ele não precisava de nós, nem muito menos fazer isso, mas Ele é amor. E não há qualquer sacrifício grande o suficiente para impedir sua vinda em nossa direção, “nem tribulação, nem angústia, nem perseguição, nem fome, nem nudez, nem perigo, nem espada, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o futuro” (Rm 8:35,38).

Depois de tanto pensar, sempre concluo que o amor de Cristo não tem medida, e esse conceito de amor é incompreensível para nós que temos os nossos próprios referenciais. Por isso, tantas vezes “ainda não temos fé”. Tenha Ele misericórdia de nós.
E por ser Amor, seja Ele louvado eternamente.

Isaac Filho (Dakinho)

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Espiritualidade sem ética é balela!

Li esta rima no site da revista evangélica Ultimato. Além de refletir sobre a verdade que esta frase expressa atentei para a loucura de nossos dias quando homens e mulheres cristãos tentam viver um cristianismo sem Cristo. Isto é a maior loucura! A palavra espiritualidade está na moda, o ser humano não parece mais afetado pelo orgulho intelectual do iluminismo, pelo contrário, o homem do século XXI ,é ou pelo menos tenta ser, espiritual. Cada dia mais aumenta o número de seitas, grupos e seus derivados de pessoas que querem encontrar o seu "eu" interior.

Agora pense comigo, que tipo de espiritualidade temos aprendido em nossas igrejas? Um dos principais resultados da espiritualidade deveria ser o de tornar o ser humano cada vez mais parecido com Jesus. Mas não é isso o que tem acontecido, como diz o pastor desnecessário Eugene Peterson, "vivemos a crise dos que querem ser, mas que nunca se tornam". O pragmatismo que invadiu a espiritualidade não me deixa lutar em ser mais parecido com Deus, ele trocou o fruto de caráter por fruto monetário! Ele não me pergunta se meu comportamento(ética) se parece com o do meu mestre! Ele insiste em perguntar quanto tenho produzido($) para o reino de Deus! Ele insiste em perguntar quantas almas($) eu ganhei! Essa é a espiritualidade do inferno! Que nos cansa em atividades vazias e que em nada tem a ver com o Evangelho de Jesus! Richard Foster nos adverte, "o dinheiro tem usurpado diabolicamente o papel que o Espírito Santo deveria exercer na Igreja".

Necessitamos urgentemente de uma ética espiritual para que não sejamos achados entre os hipócritas que oram, jejuam, cantam e entregam o dízimo falsamente. Necessitamos de uma espiritualidade bíblica que nos faça parecer com Jesus dia-a-dia. Tenhamos a convicção de uma coisa, ninguém vai entrar no céu pelo que fez e sim por quem é! Embora os que são de Cristo fazem por Cristo. A experiência da paternidade ilustra bem isso, quando um pai vai ao berçário de um hospital encontrar seu filho recém nascido a primeira coisa que ele procura é a si mesmo, ou seja, ele busca encontrar a sua imagem no seu filho! E quando ele o encontra pode dizer: Este é o meu filho! Porque se parece comigo. Deus quando nos olha busca encontrar sua imagem em nós! Então se ele ver a imagem de Cristo em nós ele dirá: este é o meu filho! "Não mais vivo eu, mas Cristo vive em mim!".

Com quem ou com o que nos parecemos? O que dizem os outros quando olham para nós ou para nossa comunidade eclesiástica? Que espiritualidade temos buscado? A espiritualidade individualista que não se preocupa com o próximo e que só busca o seu próprio interesse? Essa não vem de Deus! A espiritualidade que devemos viver é a que produz a ética do amor que é o fruto do Espírito Santo.

Por fim, espiritualidade sem ética é balela! E vice versa.

No amor de Jesus que nos faz mais parecido com Ele!
Mazinho.